Acção policial partiu da Polícia Municipal que pediu apoio da PSP. Helena Roseta, vereadora da CML, considera a acção “um exagero”.
A intervenção policial do sábado passado no Rossio deverá ser já hoje discutida na Assembleia Municipal de Lisboa. O Bloco de Esquerda já tinha manifestado a intenção de questionar o ministério da Administração Interna e ontem, em palavras ao i, Helena Roseta afirmou que o assunto será abordado na sessão de hoje da assembleia, que conta com a presença do executivo municipal. A vereadora independente do Movimento Cidadãos Por Lisboa, mas eleita na lista do PS, disse ainda que a ordem de intervenção “não partiu da câmara”, mas do oficial de dia da Polícia Municipal, considerando um “exagero” aquele tipo de actuação.
Entretanto, dois dos três detidos no Rossio, quando iniciavam uma “assembleia popular” no dia de reflexão eleitoral, vão ser julgados por “injúrias, resistência e coacção sobre os agentes de autoridade que estavam no exercício das suas funções”, segundo descrição feita pela advogada dos dois arguidos, Luísa Acabado. Esta decisão foi ontem conhecida no Tribunal de Pequena Instância de Lisboa e teve direito a uma conferência de imprensa por parte dos membros do Movimento “Democracia Verdadeira Já”, onde militam os dois arguidos, de 26 e 27 anos.
“A Polícia Municipal pediu a identificação a dois membros do movimento, mas como não estava ser cometido nenhum crime recusaram identificar-se, pelo que os agentes partiram logo para uma atitude violenta, sem que percebêssemos as razões de tal atitude”, descreveu Inês (só dão a conhecer o primeiro nome), uma das porta-vozes (rotativa) do movimento. De seguida, chegou uma carrinha da polícia de intervenção e “começaram a bater em toda as pessoas, sendo a maior parte transeuntes que apenas mostraram interesse pela nossa iniciativa”, acrescentou Sara, outra das porta-vozes. Foram apreendidos artigos como “geradores, gasolina, fotografias impressas para a exposição, colunas de som e mais material”, revelaram. As porta-vozes do movimento acreditam que a carga policial tinha como objectivo “silenciar” os manifestantes.
Segundo palavras do oficial de serviço da Polícia Municipal, a actuação foi suscitada pela presença de material de propaganda e de som, acrescentando apenas ter tido conhecimento da acampada no dia da intervenção, não obstante os manifestantes estarem ali há mais de duas semanas. A equipa de intervenção rápida da PSP foi chamada ao local, e, em menos de três minutos, viveram-se momentos de agitação pouco habituais naquela zona turística da capital. Questionado sobre se a PSP estaria alerta para a ocorrência, o porta-voz Paulo Flor disse que “a equipa de intervenção só agiu depois da chamada da PM” e que a rapidez se deveu ao sistema “implementado que permite fazer face a esse tipo de desordem com grande capacidade de mobilidade num curto espaço de tempo”.
O i tentou obter esclarecimentos junto do ministério da Administração Interna, mas até ao fecho desta edição não nos foi possível ouvir qualquer responsável.
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