Exprimem, ainda, profunda consternação com a demonstração da ignorância dos agentes policiais a respeito de direitos consagrados na Constituição da República Portuguesa, em particular o Direito de Reunião (nº 1 do artº 45º): “Os cidadãos têm o direito de se reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos ao público, sem necessidade de qualquer autorização.” Tratou-se de um duplo atentado à ordem democrática e à integridade da comunidade de cidadãs e cidadãos.
Acresce, a tudo isto, a gravidade do dia da acção policial; no dia anterior ao exercício de um dos direitos cívicos conquistados com Abril, qualquer acção repressiva ganha uma dimensão simbólica adicional. O grupo profissional dos agentes policiais deve reflectir, em conjunto, acerca das razões que têm levado, nos últimos tempos, a uma escalada de violência que prenuncia novos e intensificados actos de violência.
Os acontecimentos de Setúbal, do Rossio e do Bairro 6 de Maio demonstram que é necessário repudiar toda a repressão policial, criticar as suas origens e é necessário questionar todas as instituições envolvidas na tomada de decisões que resulta em actos de violência e repressão policial, incluindo o Ministério da Administração Interna, as divisões relevantes da Polícia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana, além dos departamentos da Polícia Municipal. Embora os actos ocorridos a 4 de Junho se refiram à Polícia Municipal de Lisboa (cujos agentes pertencem aos quadros da PSP), este comunicado visa expressar um repúdio generalizado a todo e qualquer acto de repressão policial cujas razões não sejam justificáveis à luz do ordenamento jurídico relevante.
Assinalando a relevância dos objectivos destas Assembleias, em particular o de intervir efectivamente em todos os processos da vida política, social e económica, organizações signatárias manifestam a sua total solidariedade com a referida Assembleia Popular.
As organizações/movimentos subscritores:
Associação Comunidária
ATTAC – Portugal
CMA-J – Colectivo de Solidariedade Mumia Abu-Jamal
Colectivo Revista Rubra
Comité de Solidariedade com a Palestina
FERVE – Fartos/as d’Estes Recibos Verdes
GAIA
M12M – Movimento 12 de Março
Marcha Mundial das Mulheres – Portugal
Panteras Rosa – Frente de Combate à LesGayBiTransfobia
Precários Inflexíveis.
Portugal Uncut
Projecto Casa Viva – Porto
SOLIM – Solidariedade Imigrante
SOS Racismo
UMAR
Fonte: FERVE
Ó Indignadíssimo
Saúdo-te calorosamente porque vejo que és um tipo empenhado com este movimento(s) global. Este blogue da acampada precisa de mais comentários de gajos como tu. Está demasiado carregado com comentários de tipos que andam nervosos com o movimento. Quanto a mim a política de abertura dos moderadores do blogue está correcta (filosoficamente), mas é arriscada, caso não haja participação dos apoiantes e simpatizantes…
Da minha parte digo-te: sou entusiasta. Tento seguir o(s) movimento(s) desde a imolação do Mohamed Bouazizi na Tunísia. Sabes que houve mais gente que se imolou na Tunísia antes de Bouazizi? É, os actos individuais são importantes, mas só mobilizam quando a História quer, se assim se pode dizer. Creio que estes movimentos, os M’s, são continuação e pertença dos movimentos do Norte de África e Médio Oriente. Como diz “o outro” estamos numa “aldeia global”. As coisas estão mais rápidas devido à Internet e todas as traquitanas tecnológicas de comunicação, mas olha que em 68, a conhecida revolta estudantil em Paris, a coisa não foi isolada, deu-se em vários continentes em tempo muito próximo e sem as famosas redes sociais que se fala agora… mas adiante, eu só assisti a duas assembleias e não estou a par desse apelo, mas percebi que o movimento mantinha todas as cautelas com relação a defender-se de intrusões de organizações políticas experientes que pudessem pôr em risco a sua autonomia, e isso parece-me sensato. Partindo desse princípio, não vejo qual o problema de apelar aos sindicatos. Claro está, há sindicatos e sindicatos (até há sindicatos do crime), como há ONG´s autenticas e ONG’s financiadas pelo inimigo. Apelar para a UGT seria um disparate, era meter-se na boca do lobo, mas se for a CGTP qual é o problema? O Carvalho da Silva é dos poucos homens fiáveis no nosso país. Todos os colectivos que eu vejo (no post) a apoiarem este movimento, trabalham todos (de formas diferentes) para um fim que afinal é comum. A mania dum pretenso “unanimismo” e o sectarismo sempre tem prejudicado a luta da esquerda, ou melhor das esquerdas, por que existem muitas esquerdas e é preciso assumir isso. É preciso assumir a diversidade e conviver com ela. Isso não impede uma desejável coordenação (horizontal) para ganhar eficácia nos objectivos.
Quanto à obrigatoriedade de seguir à risca os manifestos das restantes acampadas, não me parece boa ideia. Assim como as estruturas dos vários grupos são diversos, também as condições de contexto das várias acampadas são diferentes. Cada movimento conhece melhor o ambiente que lhe é mais próximo, convém adaptar a luta ao seu contexto, e tentar, na medida do possível, preparar planos de contingência.
Atma
Desde o momento no que, ontem, aprovou-se na assembleia do Rossio fazer um apelo aos sindicatos, debem saber que isto já não é movimento 15M, nem o movimento 12M, nem nada que possa parecer-se o mais mínimo às diferentes acampadas do resto da Europa.
Resulta-me muito triste dizer isto, mas Lisboa é a primeira acampada que renuncia ao seu manifesto. Isto já não tem nada a ver como tudo o que está a acontecer no resto do movemento Democrácia Verdadeira Já.